sábado, 19 de março de 2016

Margens Plácidas

As margens plácidas de que rio ouviram o quê
Se esse rio já morreu faz tempo
Onde é que brilham tantos raios fúlgidos
Se a fumaça já ofuscou tudo
Qual é o lugar que está em berço esplêndido
Se a insônia perturbou o tempo inteiro

Onde é que há bosques com tantas flores
Se já arderam e caíram com toda a ganância
E onde será que há vidas tão cheias de amores
Se já não ruíram com toda a indiferença

Será que conseguimos
Conquistar a igualdade mesmo com braço forte
Se existem tantos imunes e impunes
E um povo que morre sem que a justiça seja feita

Será que há mesmo um sonho intenso
Onde o amor e a esperança vão acontecer
Tenho minhas dúvidas pois estamos anestesiados
Com tanta chantagem que vem de todos os lados

Por que precisamos amar e idolatrar
Um lugar onde tão poucos tem tanto e tantos tão pouco
Onde você só tem vez se entrar nesse jogo sujo
Ser filho de fulano ou amigo de sicrano
E o passado glorioso feito de etnocídio, tortura e exploração
Será que vai nos levar a algum futuro

É mesmo esse o lugar que a gente quer pra viver
Pra chamar de pátria, país ou nação
Qual o caminho que se deve seguir
Se apagam as trilhas e omitem os fatos
E sempre tem alguém disposto a puxar o tapete

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