sexta-feira, 30 de setembro de 2016


(Po)ética


A (po)ética do ser 
Enquanto não se encontra 
Nem se perde
Ainda está por ser descoberta 
Por simplesmente precisar 
De algo que o inspire
A transcender a própria essência 
E descobrir-se capaz
De conquistar a palavra 
Que o pode levar
Ao tudo e ao nada
Ao mesmo tempo em que
Se inspira em algo
Que sequer sonhou em acontecer 
Mas se torna real
Enquanto for capaz de sonhar
Equilíbrio

O seu silêncio é irritante
Mas foi só nele que notei sinceridade
O seu silêncio me diz tudo
Pois em você não posso confiar

O seu silêncio me faz refletir
Ouvir o mundo de outro modo
Me faz querer contemplar
O que nenhum som pode transmitir

O que não está sendo dito
Mas que todos sonham em escutar
O seu silêncio me faz ir em busca

Todos esses ruídos caóticos
A que estamos condenados
Nos imobilizam e hipnotizam

Quando o silêncio tiver fim
Estaremos perdidos e sem podermos sonhar
Vamos lembrar do tempo em que podíamos
Meditar de volta ao equilíbrio

Equilíbrio, palavra estranha
Silêncio ensurdecedor
As imagens gritam e chamam
Para celebrar a vida
Peremptoriamente

Peremptoriamente não cantaremos
Nem o ódio 
Nem o amor
Nem a indiferença 
Nem o ócio 
Nem o tédio 
Nem a fome 
Nem a sede
Nem o calor 
Nem o frio
Nem o ser
Nem o nada
Nem o cheio
Nem o vazio
Nem o ter
Nem o perder
Nem o falar
Nem o calar
Nem o estar
Nem o partir
Nem o nascer
Nem o morrer
Simplesmente não viveremos 
Simplesmente não cantaremos 
Apenas calaremos

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Quisesse Deus

Quisesse Deus me permitir
Viver só mais um pouquinho
Sobre o que ainda
Não pude ver
Diante das minhas retinas
Nem o que sonhasse acontecer
Se toda sorte eu tivesse
De poder atravessar
O tempo e o espaço
Que ainda existirá
Diante do eterno contemplar
O que se faz de bom
Para poder cuidar
Das obras do Criador

sábado, 24 de setembro de 2016

Toda minha alma

Toda minha alma
quero que seja seu presente
não sei se você vai gostar

Todo meu coração
quero que bata no compasso do seu
sei que não é o melhor dos corações
tenho sentimentos muito confusos

Posso lhe esperar
se você não aparecer
quero que saiba que meu
sentimento vai continuar firme

Todo meu ser
Cheio de imperfeições
Repleto de atitudes estranhas

Toda minha história
Cheia de caminhos tortuosos
Idas e voltas difíceis de entender
Quando Acontecer

Quando acontecer
De nos encontrarmos
Em algum lugar
Melhor do que aqui

Se então preciso for
Estarei bem melhor
Ao chegar esse dia
Esse momento singular

E haverá de ser
Assim sem fim
Enquanto durar e permanecer
Ali
Já se foi

A um amor que já se foi
A um amor que perdi
A tanto tempo que passou
Porque tive que seguir
Perdi para mim
Para o medo atroz
E hoje em dia
Que me vejo
Quais as razões para existir
Se não há para
Onde voltar e nem aonde ir

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Se

Se eu dissesse que te amo
ninguém acreditaria
nem eu nem muito menos você

Se te amasse sem nada dizer
talvez pelo olhar
todo mundo saberia menos você

Mas se você não existisse
o mundo seria pelo menos um lugar
onde eu não conseguiria viver

E acontece que te vejo
em tudo quanto é lugar
até onde não quero

E desejaria que você
me ajudasse a entender
o que é isso capaz
de me tornar outra pessoa
que não sabe o que o coração sente

Só sabe que precisa
estar ao lado de alguém como você
para sentir coisas indescritíveis
ser feliz

E conseguir estar com você
sem importunar
assim ser mais completo
de corpo e espírito

Ah se você atendesse
pelo menos ao meu olhar
que reflete nos seus olhos

Me sentiria um ser menos só
para poder estar num porto seguro
e poder navegar pelas ondas
do infinito amor


A Dor

Quando a dor passar por mim
E fizer
E disser
Que não vive mais assim
Sem deixar em paz
Sem me atormentar até
Trespassar o existir
Se essa dor
Deixa-me enfim em paz
Ser capaz de corroer
Até o fim

sábado, 3 de setembro de 2016

Deixar ao Nada

Quando deixar
Ao nada a que me entrego
Tudo o que tive
Ao tempo que quem sabe
Escuto escuro
Por deixar de ser
A lua e ao dia
Sirvo
Deste tudo que sinto
Não estar de luto
Pelo que perdi ao tempo
Severo atrasar das luzes
Desperto

Por que existir?

Por que existir?
Por que (d)esistir?
O porquê
De ser
Se é o que não
Já e ainda
O assim seria
Se de noite
Se de dia
Sede
Sede
Do que já passou
Por mim e ainda
Entre entreveros da alma
Por ser
E ainda por que
Haveria de ser
O que não se pode